domingo, 8 de março de 2015

  
  
     Em pleno século XXI depois de passado décadas e mais décadas da luta sufragista que deu início histórico -em registros popularmente conhecido nos livros- às lutas feministas, depois de queimarmos sutiãs, depois do direito ao uso do anticoncepcional, depois de estarmos cada dia e cada vez mais inseridas no mercado de trabalho, a nós mulheres ainda nos é negado o direito ao nosso corpo,ao uso e a imagem que temos que construir sobre o mesmo.

   Nesses dias que antecederam o dia internacional da mulher, me peguei pensando em algumas coisas no que refere-se ao uso do meu corpo e os espaços. Me deparei com uma situação em que ao sair na porta da sala p ir à academia, me dei conta que meus pelos das axilas estavam um pouco grandes, eu voltei para depilá-los num processo de pseudo-higienização.O que fez com que essa minha atitude chamasse a minha atenção foi o fato de que dias antes uma colega de academia tinha ido com os ‘suvacos peludos’ e eu achei um máximo, quando eu vi pensei que teria coragem de fazer o mesmo, mas não,  não tive, não tenho. No meu processo deformação e empoderamento feminista, percebi que a desconstrução dos papéis e construção de gênero vem se constituindo em relação ao respeito a liberdade ao corpo das outras, mas que por muitas vezes o meu próprio corpo e a minha imagem estão presas ainda nesse processo estético a que somos submetidas na nossa construção do imaginário do que é ‘ser feminina’. 

    E aí, partindo do meu sovaco direto p meu útero, pq to possuída! Quando falo que a gente não tem direito sequer ao nosso corpo, no quesito pelos...imagina no quesito vagina!

   Nós mulheres, somos ensinadas a usar nossa sexualidade como moeda de troca, somos treinadas a não demonstrar desejo e satisfação sexual, e isso reverbera no campo social da culpabilização...  ao sentirmos prazer e de termos necessidades sexuais, e por termos uma vida sexual ativa! (ou, ao menos tentarmos).
É bizarro, no meio de tantas coisas que ainda  temos q conquistar, ainda nos dias de hoje ficarmos batendo em um tecla que já deveria ter sido tirada do teclado. Mas o discurso culpabilizador que cai sobre as mulheres, quando a mesma exerce sua sexualidade é tão forte q, olha, dah vontade de morrer, ou matar! 

   Pensar no meu corpo e nos espaços, é ter que pensar que: se por ventura for chegar um pouco mais tarde em casa, eu não deva ir com aquela minissaia que tanto gosto, pq eu poderia legitimar o direito de um possível agressor sobre meu corpo, pq mesmo sendo a vítima, a cadeira dos réus sempre nos foi destinada.

Quando falamos do quesito aborto então, ÇOCORR DEUS, dai-me paciência! Parece que nós somos hermafroditas, temos os gametas femininos e masculinos e nos autofecundamos. Do homem é tirada toda culpa e responsabilidade do caso, ao homem é destinado o direito ao prazer, e a nós, caso venha acontecer uma gravidez indesejada, independentemente do pq (irresponsabilidade, descuido, falha do preservativo e etc) o peso de uma gravidez indesejada e a carga psicológica-social-moralista-cristã que tenta nos colocar como assassinas, caso optamos por interromper a gravidez, como se cometer tal ato já não fosse sofrível o suficiente. Afinal de contas se transamos, temos que saber que o castigo por isso pode vir... e temos q lidar com isso, caso o bofe não queria assumir sua responsabilidade. E assim nessa criminalização muitas mulheres pobres morrem juntos com seus fetos, graças aos 'protetores' da vida que pregam q 'bandido bom é bandido morto'.
Enfim mugs! 
  

  Esse post de hoje é só um post singelo diante de todas as mazelas que nos aflige, e confesso que hoje é daqueles dias que busco forças p me manter na luta.
   

A vcs todas, mulheres cis, mulheres negras, mulheres pobres, mulheres nordestinas, mulheres da américa lática, mulheres trans!  O meu mais fraterno abraço de sororidade e que Gaia e Isis nos dê forças para continuarmos seguindo derrubando os forninhos do patriarcado! 
Bjão!


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