quarta-feira, 11 de setembro de 2013


E parece que a vida é pautada nesse tipo de cobrança enquanto nos enquadrar categóricamente. Enquanto feto: homem ou mulher? Enquanto homem: gay, hétero ou bissex? Comportamento: agir e vestir como homem ou como mulher? Na cama: Ativo, passivo, participativo, etc... Coisas essas que deveriam ficar numa ficha de acesso geral para poupar meu tempo e minha beleza de ficar explicando. Porque pra mim não faz muita diferença me definir dentro de um padrão. Acho até reducionista. Para os outros, facilita a forma de como seremos tratados, mas pera!As escolhas (se é que em algum momento fazemos alguma escolha dessas apenas a nossa vontade) nos colocam em lugares diferentes no mundo, direcionam a que “feudo” vamos pertencer, a que grupo de minorias estaremos fazendo parte e que direitos teremos cerceados, dependendo de onde estaremos, se poderemos usar roupa curta na rua, se poderemos usar qualquer roupa,  se poderei ou não sair de saltos na rua, se comprarei o enxoval do bebê azul ou rosa (pergunta se pode dar rosa para menino, As tias piram! Os pais podem interpretar como ofensa.)Eu penso em até que ponto minha homossexualidade é a minha opção sexual de fato. 

É  fato comprovado que sou gay. Mas também nunca me permiti o bastante viver coisas diferenciadas com mulheres. Nunca senti vontade e isso é um motivo básico para eu nunca ter ido pisar naquele terreno, porém fico pensando nessa coisa de a gente se delimitar dentro de uma cerca sexual. Como se a gente tivesse que escrever na testa o que somos pra facilitar para os outros nos entender e nos aceitar (ou não) colocando dentro da caixinha onde eles quiserem no que eles tangem como bom, mau, legal, escroto e tal. Porém me definir como bissexual me dá preguiça, só de explicar para os outros que mimimi prefiro homens mas gosto de me definir como bissexual blablabla, eu e alguns amigos estamos adotando uma ideia de "não há sexualidade" meio que opção sexual: pessoas - e vivendo a vida fazendo o que dá vontade, dentro do que aparece na nossa vida, com um tanto básico de juízo, lógico. Mas vivendo. E venho falar que me sinto melhor nessa coisa de não me colocar em uma fôrma. Na situação falo logo "sou gay" por preguiça de ter q explicar isso tudo pras pessoas. Só porque já nos predispomos a uma coisa só, não quer dizer que devemos manter as nossas mentes fechadas para as possibilidades do mundo.

Quanto a idéia de 'opção', os grupos que discutem as relações homoafetivas e grupos ativistas do movimento LGBTTs, sempre fazem questão de reafirmar que não é opção, mas sim orientação, mas e se for opção tbm, e se eu optei, qual o problema disso? Mesmo se for opção, qual o problema em a pessoa optar em se relacionar com pessoas do mesmo sexo, talvez, a recusa ao uso da palavra opção, é estar se justificando, implorando uma aceitação/perdão que não deve ser implorada, afinal de contas ngm deveria interferir nas escolhas e opções de cada um, referente à sua sexualidade e na opção de com quem e de qual gênero cada um tenha que se relacionar. Infelizmente, vivemos em um ambiente que hostiliza os diferentes e a busca por uma naturalização biológica seja o caminho, tipo eu nasci assim, eu cresci assim e vou ser sempre assim Gabriela... mas nascendo assim ou optando em se relacionar com pessoas do mesmo sexo, ngm deveria ter que justificar suas escolhas e seu interesse sexual em generos similares ou diferentes, afinal de contas,  cada um q tome conta do seu xibiu, do seu fiofó e da sua piroca! 

E pensando bem, amigue, existe em certo momento uma opção. Escolhemos viver ou não nossa sexualidade. Durante séculos as pessoas homoafetivas foram reprimidas, viviam escondidas em celibatos e casamentos de fachada. Hoje podemos, ainda com muito sofrimento e luta, assumir nossa orientação. Então escolhemos (ou não) romper com a opressão. Quando te perguntarem - Qual é a sua opção sexual?" - responda: liberdade! 

Enquanto não se vê todos esses grupos em que somos jogados de forma igual, com igualdade de direitos e condições de existência plena, seremos sim obrigados a buscar os nossos direitos e enfrentar quem fica “cagando regras” sobre usos e costumes e nos afirmar enquanto diferentes, enquanto seres existentes e sair desse estado de invisibilidade social. O mundo ainda não está preparado. Falta educação. Mimimi.