sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

E aí? Vai rolar ou não o beijo gay da novela? Foi um dos debates levantados nas rodinhas de conversas e tal. Finalmente uma novela brasileira, ainda que de uma forma cagada, caminha para um desfecho em que os personagens gays da trama: Félix (Matheus Solano) e Niko (Thiago Gatinho Fragoso) caminham para um final feliz e um início de relacionamento com torcida do público da novela. Ainda que os ranços sociais da moral e dos bons costumes venham a afirmar que o grande público ainda não está preparado para o tal do monstro convertedor de héteros “beijo gay”, a trama caminha para um final onde a tal falta do beijo pode naufragar uma história que depois de quase afundar, conseguiu subir de novo graças, principalmente, a trama do personagem Félix, que foi de vilão a anti-herói e atualmente, pra mim, protagonista da trama.

A trama que começa com Félix sendo uma “bicha má”, um vilão atrapalhado e carismático, embarcando na onda dos vilões da internet, já chega sendo um estouro. Todo mundo acompanha o Félix vendo a exposição da imagem de um gay que é para os outros rirem, ainda que um personagem forte da trama, ainda é um riso do outro. Um personagem de bordão que passa por várias situações parecidas na trama, (tentar uma maldade, se dar mal, e lançar um bordão “será que eu salguei a santa ceia?”) Quase uma sitcom. Capaz de rodarem um filme dele como fizeram com o Crô, esse outro personagem gay do gosto popular, mas ainda muuuuito mais esterotipado que o Félix.

Na nova fase da trama, ao qual muitos torceram o nariz, Félix mostra que pode ser uma boa pessoa sem ter que abandonar seus jeito afeminado e divertido, e cresce ainda mais como personagem. Que antes já era querido do público, agora passa a ser o alvo da torcida por um romance com o personagem Niko e aí surge o tal do debate do beijo gay. Como uma coisa mágica, como um sinal do apocalipse para os religiosos, como um transformador de homens héteros direitos pais de família e seus bondosos filhinhos viris em homossexuais. A heterossexualidade da sociedade nunca esteve tão frágil gente! Parece q vc escorregou numa casca de banana e ops! “virei” gay.

Fez o contraponto total do último personagem gay marcante do horário das 8: Roni (Daniel Rocha) da novela Avenida Brasil, em que o personagem praticamente termina a novela voltando para o armário, ficando a melhor amiga e ajudando-a a criar o filho junto com o pai. Amor à Vida termina com um total contraponto com um casal gay, com filhos, relacionamento estável e que caiu nas graças de boa parte do público. E aí que todos nós clamamos: Vai ou não vai ter o beijo gay da novela? Será que o mesmo pessoal que torce por eles são aqueles que “até tem amigos gays, mas não precisa se beijar em público” ou que “Só tenho amigos gays que nem parecem gays, não fazem essas coisas em público”? Achamos que dessa vez não tem pra onde fugir. Esse beijo vai mostrar quem é quem nas rodinhas de bar, amigues.

No mesmo capítulo do dia 28/01/2014 em que acontece uma tão criticada troca de carinhos dos dois personagens, a personagem Aline, durante uma transa com Ninho, tenta esfaqueá-lo. Sexo e violência numa só cena que passa batida pelos conservadores de plantão. Nos perguntamos: o que está fazendo mais mal aos nossos filhos? 


UPDATE: ROLOU O BEIJO GENTE





Já passei o bronzeador e estou aqui esperando o fogo do juízo final! O melhor são os comentários do vídeo... se vc for sensível nem leia rs... Mostrando a necessidade da visibilidade da cena... Não foi apenas um beijo, mas um beijo que invadiu a bolha cisheteronormativa alheia... enfim... bjx 

terça-feira, 21 de janeiro de 2014


                Olá personas, como vai a vida? Sua vulta também tá fritando nesse calor? A nossa pegou fogo mas é só aparecer um boy magia que ela renasce das cinzas.

                 Se você não está por fora do que acontece no Rio de Shaneiro, sabe dos absurdos que envolvem o governo do Cabral. E eis que de repente, chega até nós a notícia de que essa criatura aprovou um projeto de lei de autoria da deputada Myriam Rios.
                Bem, só de falar o nome da dita cuja aposto que seus pelos da nuca ficaram eriçados, e deu uma vontade de leve de gritar. Pra quem não se lembra, a mesma deputada insinuou que a homossexualidade está ligada à pedofilia. Isso mesmo, amigue, ela quis dizer que as guei e as sapa tudo são pedófilos. Veja o vídeo (se tiver estômago forte):



                Pois bem, projeto de lei vindo desse demo não deve ser coisa boa. E não é. A lei foi criada para resgatar os valores morais e os bons costumes. Má que merda é essa?

                A própria explica um cadinho no projeto: ““infelizmente, a sociedade de uma maneira geral vem cada dia mais se desvencilhando dos valores morais, sociais, éticos e espirituais (…) Sem esse tipo de valor, tudo é permitido, se perde o conceito do bom e ruim, do certo e errado. Perde-se o critério do que se pode e deve fazer ou o que não se pode”. 

                Parece bonito, parece caridoso, mas é pura baboseira reacionária. Gente esse papo de moral e bons costumes sempre é usado para combater as mudanças sociais. Foi o mesmo discurso usado contra o divórcio, contra a pílula anticoncepcional, libertação escrava, etc. E hoje é usado contra os direitos das pessoas gays, lésbicas e trans principalmente. 

                O medo da dona Myriam é que seja considerado normal que dois homens se casem, ou que duas
mulheres demonstrem carinho publicamente, ou ainda que uma pessoa rompa a barreira binária de gênero e possa ser reconhecida livremente com o gênero que se identifica, ou com nenhum dos dois. Ela tem medinho de que a sociedade caminhe pra se livrar dos preconceitos e discriminações. E por que ela tem medo?

                Por que nesse mundo utópico onde todxs podemos ser aquilo que sentimos e queremos ser, o discurso de ódio dela não vai ter mais serventia. O discurso falacioso dos fanáticos religiosos que extorquem as pessoas, que luta para impedir direitos fundamentais para parcelas marginalizadas da sociedade será ridicularizado. No mundo que queremos (e lutamos para se tornar realidade), essas pessoas não encontrarão espaço na mídia para propagar o ódio e a violência. Não terão como enriquecer as custas da fé e do sofrimento alheio.

                Então, dona Myriam, pode esbravejar aí contra as mudanças conquistadas a custo de muita dor e sangue. Enquanto isso nós estaremos sambando na cara da sociedade patriarcal.